domingo, 28 de junho de 2009

devia ser domingo.

ô preguiça!

terça-feira, 23 de junho de 2009

copacabana de sempre.

- Joãozinho da Frô, você não vai ao Rio de Janeiro antes de entregar essa novela?
- Vou não, Morena Rosa. Muito caro, quero ir lá pra passar de mês. E não dá tempo.

Morena Rosa, você tinha razão. Eu devia ter ido ao Rio de Janeiro Lindo durante a novela. Isso foi no fim do ano de 2008. Se arrependimento matasse eu estaria mortinho da Silva. Lá no céu ao lado de Vinícius praguejando. Imagino que fosse algo assim: 'Joãozinho, meu benzinho, como que você faz uma afronta dessas?'

Depois de caminhar alguns quarteirões passando por Drummond, Caymmi e ser abençoado pelo mar azulzinho de Ipanema entro à direita na rua do Vininha, antiga Rua Montenegro, onde muita coisa aconteceu, e chego ao número 127. Toca do Vinícius. Uma livraria pequenina, mas cheia daqueles livros que um dia eu só tinha visto fotos pela internet e desejado poder sentir o cheirinho antes de comprar. Um senhor distinto, de fala detalhada, e olhar desconfiado, me cumprimenta. Depois de algumas palavras trocadas, pergunto: Pode tirar foto? (foto para olhar todo o dia daqui e ver que aquilo existe: livros em japonês sobre a Bossinha). Logo emendo ao senhor falando que tinha estudado o assunto e escrito um trabalho longo sobre ele. A desconfiança magicamente se transforma em alívio: Excelente escolha! ele dispara. Você está em casa! Faça fotos do que quiser! - seguidos de um sorriso aberto satisfeito.

A emoção e identificação foi tão grande que eu não fiz as fotos. Ele me prometeu numa segunda visita, que eu não consegui fazer, uma foto com o disco da Canção do Amor Demais (o chamado primeiro disco de Bossa Nova, de Elisete Cardoso cantando músicas da tríade da Bossa) e a fita master do disco! - não achei nem que isso existia quanto mais que o senhor distinto que tinha me olhado torto ao entrar na loja ia me deixar tocar. Somente perguntei meio trêmulo: o senhor me indica algum lugar a visitar para ver Bossa? (a Bossa foi pequena até no Rio, minha gente). Ele explica, detalhadamente, o caminho, assim como gosto, cheio de tensão, fazendo cada ponto final valer um ponto final: Você indo daqui, pela orla, passando Ipanema, Copacabana. Imagine o Copacabana Palace. Imaginou? Aquele hotel grande? Então. Imaginou? Você passando o Copacabana Palace vai encontrar uma rua chamada Duvivier. Duvivier ( de tão tenso procurei neste momento meu caderninho para anotar o endereço, mesmo sabendo exatamente onde ele se localizava). Não precisa anotar. É importante que você preste atenção no que eu digo ( e mais uma expressão tensa no rosto), depois eu mesmo anoto tudo isso para você. Só consegui mexer a cabeça positivamente. Ele prosseguiu: Entrando na Rua Duvivier, à esquerda você avistará uma ruela à esquerda. Na Duvivier à esquerda, poucos metros. Você está imaginando? Então, do lado direito terá um prédio residencial e do lado esquerdo um prédio com lojas embaixo. Misto. Entendeu? Na Duvivier você entra e tem uma ruela à sua esquerda. Com quatro lojas à direita e um prédio residencial à esquerda e imagine, isso era o Beco das Garrafas.

Pausa.

Gente, depois dele falar da fita master eu já estava assim, sem sentir nada do pescoço pra baixo. Ao pronunciar B e c o d a s G a r r a f a s um 'plim!' instantâneo tocou na minha cabeça. Isso mesmo, um 'plim', parecendo filme. Fiquei todo quentinho, sentindo minha própria respiração. Beco das Garrafas! Onde tudo acontecia! Pisar nas exatas mesmas lajotas que João, Tom, Vininha, Carlinhos, Menescal, Bôscoli, Nara e muitos outros haviam pisado!

Pra quem não sabe, o Beco das Garrafas, essa ruelinha rodeada por um prédio comercial e um prédio residencial abrigava quatro pequenos night clubs, inferninhos, onde todos os novos artistas (ou seja, artistas da Bossa) queriam apresentar suas canções. Ele explicou que lá também tinha uma outra livraria, maior, com outros artigos de Bossa. No domingo seguinte andei novamente, agora pro Copa. Ao contrário, sentido Leme. Vendo as famílias nos skates, patins e bicicletas. Olhando o Pão de Açúcar. E cheguei à Duvivier com aquela respiração ansiosa. Uma rua linda, meio deserta, em paz, apesar de ser quase esquina com a Nossa Senhora de Copacabana (cheia até de madrugada), com o solzinho entrando pelas frestinhas das árvores. A livraria estava fechada, mas as flores do prédio residencial, do lado esquerdo da ruelinha coloriram e aqueceram a tristezinha do local. Satisfeito andei de lá pra cá sentindo aquele cheiro de fim de outono sentindo as vibrações de tudo o que um dia tinha passado por ali. Escutei até um pouco daquele barulhinho de movimento do lado de fora e ,ao fechar os olhos, senti a noite do ano 1959 como se estivesse sentadinho numa sarjeta, olhando de frente aquele vai e vem das pessoas.

Pra ver escutando: 01 Copacabana de sempre.mp3










quarta-feira, 17 de junho de 2009

pra quem ainda não foi ou tem saudade do abençoado sovaco cristão.















Vou fazer minha casa
Do alto de uma canção
E agradecer a Deus pai
A sobrante inspiração

Sob a axila do cristo
Neste sovaco cristão
Vou fazer a minha casa
No alto do chapadão

E vou dar festa bonita
Com bebida e com garçon
E ao Lufa que foi amigo
Dou champagne com bombom

Vou fazer a minha casa
No centro do ribeirão
Quero muita água limpa
Pra lavar meu coração

Minha casa não terá
Nem sábado, nem domingo
Todo dia é dia santo
Todo dia é dia lindo

(Chapadão, Tom)


terça-feira, 16 de junho de 2009

cheirinho de grama molhada mesmo sem chuva.

"Dindi (1959). Composta no sítio de Tom, Poço Fundo, localizado no município de São José do Vale do Rio Preto, região serrana do Rio de Janeiro. Ao contrário do que muitos pensam, não era apelido de uma mulher, mas uma corruptela de Dirindi, trilha ecológica contornada por um rio, cujas águas Tom não sabia por onde iam". (JOBIM, Ana. Mundo, Monde, Mondo; p.42).