domingo, 16 de agosto de 2009

Pra viagem, por favor.

Andando de bicicleta pela cidade por esses dias, me deparei a um outdoor com propaganda de algo que parecia impossível de acontecer por aqui de tãaaao específico que é: um show do Miele e Os Cariocas.

Os Cariocas já tinha visto com o show lindo da Miúcha envolvido pelos vitrais do Theatro José de Alencar, mas o Miele, nunquinha achei que poderia apreciar assim, ao vivo, sem me desesperar fazendo contas para uma viagem quase que continental.

Ao chegar no local, fiquei papeando por mais ou menos uma hora com Andrei, amigo russo meu, também apreciador do amor, do sorriso e da flor, sofrendo ao som de uma banda que tentava ensaiar algumas bossas. Chegou então para nos servir, um garçon daqueles antigos,de uniformezinho amassado, sapatinho social com um monte de copos na mão. Logo perguntei:

- O show do Miele vai começar a que horas?
- Está marcado para às 23, senhor.

Decidi pedir uma cerveja, era sexta né? Miele e tal, combinava. Enquanto o Andrei estava escolhendo o que queria pedir e dialogando com o garçon, que a esta altura já não era mais o garçon, mas o Pedro, eu já sentia aquele gostinho na minha boca ;~.

- Qual cerveja tem? Disparei na primeira oportunidade.
- Skol, Antárctica e Brahma.

Entre a Skol e a Antárctica fiz a pergunta básica:
- Qual é a mais gelada?
Ele olhou bem para mim. Titubeou até, mas respondeu com um ar sincero, talvez o mais sincero de todas as sinceridades dos últimos tempos, coisa mesmo de irmão para irmão:

- Nenhuma. Não posso mentir pra você - e sorriu.
Perguntei novamente:
- Nenhuma gelada, como assim? - Nenhuma gelada, senhor. Posso trazer até um balde de gelo, mas você sabe né? - e me deu uma piscadela.

Nossa, fiquei até sem chão. Como assim? Miele, ventinho gelado e ... cerveja quente??? Pedi uns minutos para pensar, pois o choque tinha sido muito grande. Nesse meio tempo o show começou. Eu esqueci a cerveja com as brincadeiras do Miele.

Após umas duas primeiras músicas, Pedro voltou e me perguntou:
- E aí, senhorito? Posso trazer a sua cerveja?
- Ah, Pedro, quente não dá. Quente vai estragar o fim de semana. Não preciso nem dizer que ele fez assim com a cabeça e concordou.

Depois dessa, fiquei até com mais esperança desse mundo das balelas. Se um garçon tinha me dito, perigando perder o emprego, que a cerveja estava quente, o mundo nem estava acabado.

Bom, no show o Miele contou mil anedotas. Desafinado que só, mentiu idade, falou de Carmen e Cauby e até contou a história da Lígia do Tom. A coisa mais linda, claro, mesmo que cafajeste. Pra quem não sabe, Lígia era esposa de um grande amigo de Tom, o escritor Fernando Sabino e para não magoar o amigo e paquerar a moça, escreveu a letra mentirosa de Lígia. Segundo Miele, quase que ele mesmo deu para o Tom, pois era mesmo muito charmoso o jeito dele, ainda mais cantando uma música tão linda como essa. Era mesmo covardia ;~.


Esse rapaz cantando Lígia. Dá o play e sente a covardia.


Ligia.mp3



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